Atu XVI - A Torre

XXVVII)) A Torre::

Caminho - 27.º Caminho (Hod - Netzach): "O Vigésimo Sétimo Caminho é a Inteligência Ativa ou Excitante, assim chamada porque por ela todo ser em existência recebe seu espírito e sua moção." Phe - Grita, Belhona! O estrondo de universos que estão em guerra! Essa letra representa a palavra, a boca, o pensamento, o ensino, a cópula, a beleza. Marte, planeta dos impulsos, tem o objetivo de começar alguma coisa, as idéias de heroísmo também são atribuídas a Marte. A carta da Torre, simboliza uma destruição para que haja uma reconstrução. Jogar fora os entulhos para não guardar o que é desnecessário e não serve para nada. Representa a morte do que não tem mais razão de existir. Normalmente, indica processos em que o desligamento de uma situação não consegue ser feito sem que haja conflitos. Normalmente, estamos cercados por situações que nos impedem de crescer, pois somos muito apegados a elas. Essas situações podem ter muitas faces, tais como: um relacionamento ou um emprego com o qual já não nos identificamos. Em tais situações, não resta muito a fazer a não ser terminar e buscar um novo começo. A carta da Torre também pode indicar momentos de conflito, situações onde às vezes a única saída que vemos é justamente o conflito. Muitas vezes, o conflito pode ser evitado, mas como estamos dentro da situação, não sabemos como agir, ou até mesmo não queremos agir pacificamente. Em cima dos escombros da Torre derrubada é que iremos construir uma nova Torre, mais sólida e confiável. Até quando a nova Torre irá durar? Até que não nos satisfaça mais e haja a necessidade de se construir uma outra. Então o ciclo irá se repetir.

Retirado de Tarot: o Templo Vivente, Frater Goya.
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A Torre, ou Torre Fulminada, A Casa de Deus, ou Guerra (pé hebraico, Marte). Esta carta é associada à letra hebraica pé, que significa uma boca. A carta, que admite duas interpretações em uma, é a manifestação na sua forma mais rude, de pura destruição, a destruição do antigo Aeon estabelecido, por meio de relâmpagos, chamas e engenhos de guerra. A outra interpretação é retirada do culto a Shiva. No topo da carta, aparece o Olho de Shiva. De acordo com isto, a carta representa perfeição, a perfeição da aniquilação pela emancipação da prisão da vida organizada. A pomba e a serpente representam os impulsos masculino e feminino. Na linguagem de Schopenhauer, "A Vontade de Viver e a Vontade de Morrer".
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XVI. A TORRE (OU GUERRA)

Esta carta é atribuída à letra Pé, que significa boca. Refere-se ao planeta Marte. Segundo sua interpretação mais simples concerne à manifestação da energia cósmica sob sua forma mais grosseira. A ilustração mostra a destruição do material existente pelo fogo. Pode ser tomada como o prefácio ao Atu XX, O Juízo
Final, isto é, a Vinda de um Novo Aeon. Sendo assim, parece indicar a qualidade quintessencial do Senhor do Aeon. **

** Ver Liber AL. III, 3-9; 11-13; 17-18; 23-29; 46 ; 49-60; 70-72.

Na parte inferior da carta, portanto, é mostrada a destruição do velho Aeon outrora estabelecido pelo raio, chamas, engenhos de guerra. No canto direito vêem-se as mandíbulas de Dis vomitando flamas na raiz da estrutura. Figuras quebradas da guarnição caem da torre. Pode-se notar que perderam sua forma humana, convertendo-se em meras expressões geométricas.

Isto sugere uma outra (e totalmente diversa) interpretação da carta. A fim de compreendê-la, é necessário voltar-se para as doutrinas da yoga, especialmente aquelas mais largamente difundidas e correntes no sul da Índia, onde o culto a Shiva, o Destruidor, é soberano. Shiva é representado dançando sobre os corpos de seus devotos. A compreensão disto não é fácil para a maioria das mentes ocidentais. Em termos sumários, a doutrina é que a realidade última (que é perfeição) é Nada. Por conseqüência, todas as manifestações, não importa quão gloriosas, quão prazerosas sejam, são máculas. Para atingir a perfeição, todas as coisas existentes têm que ser aniquiladas. Pode-se, portanto, entender pela destruição da guarnição sua emancipação da prisão da vida organizada, que os confinava. Prender-se a ela era a insensatez dos membros da guarnição.

O acima exposto deveria deixar claro que símbolos mágicos têm que ser sempre compreendidos num sentido duplo, um contraditório do outro. Estas idéias se combinam naturalmente com a significação mais elevada e mais profunda da carta.

Há uma referência direta a esta carta n'O Livro da Lei. No capítulo I, versículo 57, a deusa Nuit fala: "Invocai-me sob minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob a vontade. Que os tolos não confundam o amor; pois existe amor e amor. Existe a pomba, e existe a serpente. Escolhei bem! Ele, meu profeta, escolheu, conhecendo a lei da fortaleza, e o grande mistério da Casa de Deus." ***

*** Por esta razão o antigo título, hoje não muito inteligível, foi retido. Caso
contrário, poderia ter sido chamada Guerra.

A figura que se destaca nesta carta é o olho de Hórus. Este é também o olho de Shiva, na abertura do qual, conforme a lenda deste culto, o universo é destruído.

Além disso, há um especial significado técnico mágico, o qual é explicado abertamente apenas aos iniciados do décimo primeiro grau da O. T. O., um estágio tão secreto que não é nem elencado nos documentos oficiais. Não é mesmo para ser compreendido pelo estudo do olho no Atu XV. Talvez seja lícito mencionar que os sábios árabes e os poetas persas escreveram, nem sempre com reservas, sobre o assunto.

Banhadas na efulgência desse olho (que agora assume até um terceiro sentido, o indicado no Atu XV) vêem-se a pomba carregando um ramo de oliveira e a serpente, como na citação acima. A serpente é retratada como a serpente-leão Xnoubis ou Abraxas. Estas representam as duas formas de desejo, o que Schopenhauer teria chamado de vontade de viver e vontade de morrer. Representam os impulsos feminino e masculino; a nobreza deste último é possivelmente baseada no reconhecimento da futilidade do primeiro. Esta é talvez a razão porque a renúncia do amor em todos os sentidos ordinários da palavra tem sido tão constantemente anunciada como o primeiro passo rumo à iniciação. Esta é uma opinião de inflexibilidade desnecessária. Este trunfo não é a única carta no baralho e nem são a "vontade de viver " e a "vontade de morrer " incompatíveis. Isto se torna claro tão logo vida e morte são compreendidas (ver Atu XIII) como fases de uma única manifestação de energia.

Retirado do Tarot de Toth, Aleister Crowley.

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